O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com o apoio da Way Carbon, realizou, entre maio de 2011 e abril de 2013, um estudo intitulado Estudo Sobre Adaptação e Vulnerabilidade à Mudança Climática: o caso do setor elétrico brasileiro. A avaliação desse tema é um esforço do setor empresarial frente à sensibilidade da energia hidroelétrica diante da variação climática e a sua participação na matriz elétrica nacional.
Segundo a presidente do Conselho, Marina Grossi, os resultados obtidos mostram o impacto das mudanças climáticas, no médio prazo, no cenário energético do país. “A atual estratégia de geração elétrica brasileira dissociada de uma percepção mais precisa das mudanças climáticas levará a um ambiente de ainda mais insegurança – energética, econômica e física”, conclui a presidente.
A publicação aponta que, se o Brasil insistir na estratégia de priorizar as usinas a fio d’água – que causam menor impacto ambiental – a longo prazo, o resultado poderá ser prejudicial. E como há uma tendência para o aumento dos ventos climáticos, a segurança energética dessas usinas diminuirá e teremos que recorrer, cada vez mais, a outras fontes de energia, como as térmicas, mais caras e poluidoras.
Três usinas foram analisadas no estudo e apresentam as seguintes características: geração de energia em uma usina de até 30 MW de potência instalada a fio d’água; uma usina de potência instalada de até 100 MW; e uma usina de potência instalada de mais de 1.000 MW, sendo essas duas últimas com reservatório.
Dados dos últimos 80 anos de vazão dos rios onde essas usinas estão implantadas, foram utilizados, sendo que as mesmas se encontram na bacia do Paraná e na bacia Atlântico Leste/Sudeste, na região de maior concentração de consumo elétrico nacional. Na primeira usina, o estudo prevê um déficit de abril a novembro em 2050.
Estudos que tratam de mudanças climáticas costumam ter uma previsão de longo prazo, mas para permitir que o estudo seja aplicado às necessidades do planejamento corporativo, foram estudados cenários a médio prazo, em 2020 e 2050.
Para 2020, foi analisado o impacto e a exposição de cada usina, bem como suas sensibilidades e as variações de produção. Para 2050, a análise dessas variações de produção foi feita por meio de três cenários: cenário de mudança zero, que utilizou a condição de média histórica; cenário de mudança moderada e cenário de mudança extrema. Ficou clara a importância da diversificação das fontes de energia para garantir a complementaridade da geração de energia hídrica.
“A inclusão da preocupação climática na agenda de planejamento e definição estratégica de expansão do setor de energia brasileiro se mostrou indispensável”, afirma Marina Grossi.
Fonte: Ambiente Energia